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Ryot: o contador de ideias

Por Louise Ferreira

 

Em 1986, na cidade de Limeira, interior de São Paulo, nasceu Ricardo. Como qualquer criança, Ricardo gostava de desenhar, mas ao contrário da maiora, para ele o gosto nunca passou. Já jovem, decidiu entrar para o curso de Design Gráfico. Não gostou. Largou no no primeiro período. Outro caminho possível era o Cinema de Animação, e foi esse caminho que o levou de Limeira à Belo Horizonte, Minas Gerais.
 
Ricardo se tornou aluno da Escola de Belas Artes da UFMG, e além de outra cidade, outro estado, outro curso, encontrou uma outra forma de se expressar: o quadrinho. Ele conta como o início de sua produção de quadrinhos coincide com sua vinda para a capital mineira e relembra como seu desenho era amador, suas histórias não tão bem elaboradas e como, sem pretensão nenhuma, todos os seus trabalhos eram postados em seu blog. Assim foi seu início como quadrinista: com folhas de papel sulfite, canetas bic e a boa vontade de amigos que tinham scanner em casa.
 
Quatro anos depois, seu trabalho de conclusão de curso superior, um curta de 7 minutos, estava quase pronto. Seu trabalho como quadrinista, maior e mais profissional. E a inevitável dúvida de que tipo de produção priorizar também estava presente. O curta levou dois anos para ficar pronto. Neste mesmo período, centenas de quadrinhos foram feitos e publicados. Ricardo fala como a animação é um trabalho de equipe, de colaboração e, apesar de ainda ter projetos para esse tipo de produção, os quadrinhos eram mais passíveis de se produzir sozinho, assim como sua distribuição e retorno mais fáceis.
 
Seu primeiro fanzine, vendido “na clandestinidade” durante uma edição do FIQ, como ele mesmo diz , era feito de folhas xerocadas P&B. O segundo, já possuía algumas folhas em xerox colorido. O terceiro era totalmente colorido, até que, finalmente, Ricardo lançou seu primeiro livro. Em paralelo, trabalhou para a Raga Drops, ilustrou livros infantis, se tornou membro do coletivo Pandemonio, através do qual conseguiu seu primeiro stand no FIQ, e manteve sempre atualizado o RyotIRAS.com.
 
Acima de quadrinista, ilustrador ou animador, Ricardo se vê como quem conta histórias e expõe ideias, e o formato será sempre apenas uma consequência do que se quer contar. Ricardo fala inúmeras vezes como qualquer um pode gostar de quadrinhos, depende do estilo que melhor te agrade. Para ele, dizer que não gosta de quadrinhos é o mesmo que falar que não gosta de música, você pode não gostar de todas as músicas que existem, mas algum estilo, com certeza, te agrada. Além de gostar, Ricardo afirma que qualquer um pode fazer quadrinhos, que técnica e criatividade não são dons, têm que ser exercitados assim como alguém que exercita seu próprio corpo, afinal, ninguém nasce com o dom de ser forte e musculoso.
 
Ricardo nasceu em 1986. Mas ao longo dessa história, não ousaria dizer quando, nasceu Ryot, o rapaz de conversa agradável, que conta todos seus inúmeros projetos apaixonadamente, que enxerga o mundo dos quadrinhos, ilustrações, animações, literatura e tantos outros sem barreiras entre si. Alguém que acredita que histórias e ideias podem ser contadas de várias formas e que qualquer um pode contá-las.

O HERÓI DO GIBI

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